
Como era de se esperar essas conquistas não foram bem vistas pelo nosso querido sistema patriarcal e nosso governo (composto em sua grande maioria por homens). Com as mulheres mostrando-se tão capazes e inteligentes, uma igualdade absoluta de gêneros, geraria uma maior concorrência no mercado de trabalho e mais trabalho em casa para os homens.
O sistema precisou criar um backlash imediato, e sua primeira tentativa foi aumentar a carga horário de trabalho da dupla jornada por não fornecer creche em número suficiente para todos. Afinal uma mente ocupada o tempo inteiro com duas jornadas, não teria tempo para pensar em outras trivialidades como direitos iguais e em promoção para cargos superiores. Mas nós mulheres somos engenhosas, e muitas começaram a contratar mulheres de posição social inferior para realizar o trabalho doméstico e auxiliar nos cuidados com os filhxs. Atualmente, só na cidade de São Paulo, mais de 175 mil crianças aguardam vaga para creche. As mães que não têm condições de pagar uma creche particular, acabam deixando seus filhxs, com amigxs, vizinhxs e familiares, para poder conquistar sua independência e lutar por suas carreiras. Portanto o sistema, apesar de prejudicar milhares de mulheres e crianças com a falta de creche, ainda assim não conseguiu conter o avanço feminino.
![]() |
Antes do processo de libertação feminina as profissionais da beleza, como modelos, bailarinas, atrizes e escorts, eram anonimas, de baixo status social e não merecedoras de respeito. Atualmente estas mesmas profissionais são elevadas ao padrão de ideal, são exibidas na televisão, na internet, nos jornais, nas revistas, em todos os meios midiáticos, constantemente lembrando as mulheres que é esse tipo de "perfeição" que elas devem atingir.
A lei apoiou e sedimentou a ação do sistema. Entre 1970 e 1980, tivemos juízes:
- sentenciando uma mulher a perder 1,5 kg por semana ou ser presa
- decretando que a beleza era legalmente um motivo para ganhar ou perder o emprego
- juiz federal decidindo que empregadores tinham sim direito de fixar padrões de aparência.
As decisões judiciais e a mídia, foram as principais responsáveis pela disseminação e pelo sucesso da implantação do mito da beleza na sociedade. Para substituir o controle que a religião exercia sob as mulheres, foram criados os ritos da beleza, com uma incrível semelhanças a rituais religiosos e seitas, mas ao invés dos mesmos controlarem o apetite sexual feminino coloca um controle e um tabu semelhante ao apetite oral das mulheres.
O mito da beleza instituiu dois medos principais para controlar a mulher: o medo do envelhecimento e o medo da gordura. Enquanto as indústrias da "beleza" lucram com nossos temores, 81% das meninas de 10 anos de idade tem medo de engordar, se pudessem ter um desejo magicamente atendido a primeira escolha de garotas de 11 à 17 anos seria ficar mais magra e 65% das mulheres/meninas tem algum tipo de distúrbio alimentar.
Duas formas de mídia e representação femininas são utilizadas contra nós: uma que "apenas" transforma nossos corpos em objetos e outra que comete violência contra ele. Enquanto a mídia vende e lucra com essas "idéias", 1 em cada 6 mulheres foi estuprada ou sofreu uma tentativa de estupro, mais de 45 mil mulheres foram mortas no Brasil nos últimos 10 anos por companheiros ou ex-companheiros, especialistas dizem que a principal causa dos crimes de violência contra o gênero feminino é devido a coisificação das mulheres, os homens vêem as mulheres como objetos, como posse.
Também no livro de Naomi Wolf, ela cita que seios, coxas, nádegas e ventres são as partes do corpo que as mulheres mais costumam odiar/reclamar. São também as partes mais importante sob o aspecto sexual. São essas as regiões espancadas com mais frequência por homens violentos. As partes que os assassinos sexuais mais mutilam. As partes mais exibidas em propagandas e na mídia. As partes que os cirurgiões plásticos mais operam. As partes que produzem filhxs e os amamentam. Uma cultura misógina conseguiu fazer com que as mulheres odeiem o que os misóginos odeiam. Elas mesmas.
![]() |
"Seu estomago não deveria ser um cesto de lixo" |
Para a cultura do consumo é interessante manter estas inseguranças, mas a sobrevivência do ser humano depende do equilíbrio entre o feminino e o masculino. Só a industria de dietas movimenta por ano nos EUA, 40 bilhões de dólares. Se nós não lutarmos para acabar com estas diferenças, não lutarmos pelo equilíbrio, quem vai lutar por nós? O sistema e as industrias tem o interesse próprio deles, se a consequência é infelicidade de 52% da população mundial, para eles tanto faz, desde que o lucro continue aumentando.
Que post lindo menina! Parabéns.
ResponderExcluiré a primeira vez que visito seu blog,acabei conhecendo porque o feminismo na rede divulgou.
passarei a visitá-lo sempre pelo feed do google.
Obrigada Juliana! ;)
Excluirperfeito! parabéns :D
ResponderExcluir