sábado, 17 de novembro de 2012

Violência contra a mulher: quem pode fazer a maior diferença?

Li um texto essa semana em um site australiano a respeito da importância do feminismo. O artigo discorre a respeito de um estudo realiza por Cambridge, onde foram consultados 70 países diferentes, que afirma que diferenças positivas em relação ao combate a violência domestica, foram conquistadas principalmente devido ao movimento feminista.

Segue o artigo traduzido:

Violência contra a mulher: quem pode fazer a maior diferença?


Parece que é normal para o discurso do século XXI regularmente "verificar o pulso" do feminismo. Inúmeros artigos, colunas, blogs e conferências fazem as mesmas perguntas: Está funcionando? Ele falhou? É o "feminismo" uma palavra suja?

Este diálogo é, inevitavelmente, cansativo e, mais importante, desvia a atenção para longe de reais questões feministas, como a violência contra as mulheres.

Com isso em mente, feministas comprometidas, cansadas ​​desta mídia constantemente duvidando do movimento, ficarão felizes em ouvir as últimas notícias de Cambridge e da American Political Science Review.

Para conhecimento: durante quatro décadas, o estudo de 70 países descobriu que os movimentos feministas são a chave mais importante para mudar para melhor quando se trata de eliminar a violência contra as mulheres; mais importante do que a política de esquerda, a riqueza individual de cada país, ou o número de mulheres políticas na região.

O estudo é incrivelmente abrangente. Ele "inclui todas as regiões do mundo, em diferentes graus de democracia, países ricos e pobres, e uma variedade de religiões do mundo - abrange 85 por cento da população mundial. A análise dos dados levou cinco anos, razão pela qual o ano mais recente coberto pelo estudo é de 2005."

Isso deve ser munição suficiente para silenciar àqueles que gostam de reclamar sobre o tamanho dos grupos de amostra de outros estudos não serem verdadeiramente indicativos de tendências globais.

(O relatório completo pode ser acessado aqui.)

O relatório concluiu que a questão da violência contra as mulheres foi primeiramente articulada por movimentos feministas, que então estimulou os governos a agirem em cima de algo que poderia ter sido simplesmente marginalizado como "problema das mulheres".

Em outras palavras, longe de simplesmente ficarem gastando seu tempo lamentando-se e/ou fazendo campanhas sobre depilação (o que parece ser a percepção do público em geral de o que as feministas fazem), as feministas foram instrumentais em trazer mudanças para melhor, motivando a mudança do governo, transformando os meios de comunicação em relação às questões feministas, e ganhando o apoio público para colocar mais pressão no governo à respeito das lentas mudanças de políticas (leis).

Como o co-autor do estudo, Mala Htun, explicou: "Os movimentos sociais estruturam as agendas públicas e governamentais e criam a vontade política para resolver problemas. A ação do governo, por sua vez, envia um sinal sobre as prioridades nacionais e do significado da cidadania. As raízes das mudanças de políticas sociais progressistas estão na sociedade civil."

A recente discussão pública sobre a violência contra a mulher, que foi estimulada pelo suposto estupro e assassinato de Jill Meagher, demonstrou que ainda há muitas pessoas que ainda não se convenceram de que a violência contra as mulheres é um problema tão grande assim. (os defensores do "Lugar errado na hora errada” ou "Eu nunca bati em uma mulher" sendo os principais ofensores).

A realidade, claro, é muito mais grave do que a que os privilegiados ou complacentes gostariam que você acreditasse.

O co-autor S. Laurel Weldon, observa, "Violência contra as mulheres é um problema global. Pesquisas da América do Norte, Europa, África, América Latina, Oriente Médio e Ásia encontrou taxas incrivelmente altas de agressão sexual, assédio, tráfico, violência nas relações íntimas, e outras violações dos corpos e psiques das mulheres . Na Europa, é um perigo maior para as mulheres do que o câncer, com 45 por cento das mulheres europeias que já experimentam alguma forma de violência física ou sexual. As taxas são semelhantes na América do Norte, Austrália e Nova Zelândia, e estudos na Ásia, América Latina e África mostram que a violência contra as mulheres está em todo lugar."

Notícia triste, com certeza, mas é difícil evitar a sensação de que o estudo de Weldon e Htun é uma resposta muito concreta para o onipresente diálogo "O feminismo fracassou?"; na verdade, é uma vindicação.

Se os resultados dos estudos servem como qualquer indicação, parece que o feminismo está apenas começando. 


Para ler o artigo original em inglês pode ser acessado aqui.

Um comentário:

  1. Parabéns ! Também sou feminista e sempre estou publicando no meu blog sobre esses assuntos tb!!

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