Em 2010, uma pesquisa de opinião pública realizada pelo SESC e pela Fundação Perseu Abramo mostrou diversos resultados bem interessantes. O estudo"Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Públicos e Privados", foi divida em seis principais tópicos:
- Percepção de ser mulher, machismo e feminismo
- Divisão sexual do trabalho e tempo livre
- Corpo, mídia e sexualidade
- Saúde reprodutiva e aborto
- Violência doméstica
- Democracia, mulher e política
Todos os assuntos pesquisados são muito relevantes para a luta feminista, mas para este post me foquei principalmente no primeiro assunto tratado pelo estudo, a percepção de ser mulher, machismo e feminismo.
Os resultados da pesquisa são apresentados em longas tabelas, pois é uma pesquisa bem completa com diversos dados complementares, por isso coloquei as informações mais interessantes em forma de gráfico para ficar mais ilustrativo e de fácil compreensão.
Foi questionada para a amostragem feminina quais são as melhores e piores características de ser mulher. A resposta era de múltipla escolha, ou seja, poderia ser escolhida mais de uma opção. A maior parte apontou que a melhor coisa de ser mulher é a gravidez (50%) e a criação dos filhos (19%). O restante das opções ficaram bem dívidas destacando o casamento/família (união familiar, ser amada), o mercado de trabalho (poder trabalhar, exercer qualquer profissão) e a liberdade/independência familiar (não precisa mais ficar presa, poder agir como quer).
Quando questionadas a respeito de quais características são as piores em ser mulher as opiniões ficaram bem dívidas, sobressaindo a discriminação social/machismo (sociedade machista, fica mal falada), mercado de trabalho (não há igualdade, não é valorizada, ganham menos) e violência contra a mulher (apanhar do companheiro, violência física).
Foi também questionado a amostra masculina estudada quais as melhores e piores características de ser homem. As três principais vantagens citadas foram as características masculinas (não engravidar, não menstruar, ser mais respeitado), a liberdade/independência (tem mais liberdade, pais liberam mais, não fica mal falada) e trabalho (tem mais emprego, pode fazer trabalhos pesados).
Ao serem questionados a respeito das desvantagens masculinas, a grande maioria (37%) respondeu que não há nada de ruim em ser homem, resultado este que corrobora com outros diversos estudos que mostram que a auto-confiança e auto-estima masculina é muito superior a feminina. Outras duas desvantagens muito citadas foram a família/filhos (responsabilidade familiar, ter que trabalhar mais) e características masculinas (maior cobrança, fazer a barba todos os dias, fazer exame de próstata).
As mulheres da amostragem foram questionadas se elas se consideravam feministas. Um total de 27% afirmaram que se consideram totalmente ou parcialmente feministas, 37% afirmou que não se consideram feministas e 35% afirmaram não saber ou não sabiam o que era feminista.

Cerca de 50% das mulheres entrevistadas e 43% dos homens entrevistados
veem o feminismo com uma visão positiva e mais próxima a realidade do
movimento, como luta por direitos iguais, mulheres livres e independentes e
auto valorização/auto respeito. Cerca 20% das mulheres e 33% dos homens, veem o
feminismo como um movimento que defende a superioridade das mulheres ou que são
mulheres autoritárias/mandonas. 15% das mulheres e 12% dos homens confunde,
acha que o movimento feminista são mulheres vaidosas, delicadas, femininas,
donas de casa, boa esposa, boa mãe. 19% dos homens e 23% das mulheres não sabe
o que é ou se recusou a responder.
Apesar de na pesquisa, apenas 22% da amostragem masculina se considerar machista, algumas perguntas de cunho machista foram feitas para homens e mulheres e as respostas dadas mostram que o machismo ainda é um problema atual e corriqueiro no nosso dia-a-dia.
A porcentagem de concordância com frases machistas foi
muito maior entre o sexo masculino, assim como também foi maior entre eles a
porcentagem de respostas em que eles não concordaram, MAS também não
discordaram das afirmações machistas.
Vemos uma maior diferença de opinião entre os gêneros
masculinos e femininos em relação a frase "Nas decisões importantes, é
justo que na casa o homem tenha a última palavra". Enquanto apenas 23% das
mulheres concordaram com esta afirmação, 43% dos homens o fizeram, sendo que
mais 9% afirmaram nem concordar, nem discordar.
Estes dados são muito esclarecedores, pois, além de corroborarem com outros estudos de pesquisa de gênero. Também demonstram que o machismo é sim um problema muito atual e preocupante e que deve ser combatido pelo feminismo, porém um dos principais (prováveis ) problemas da não aceitação da causa feminista é a falta de conhecimento sobre ele. É importante que o movimento combata o sexismo e o sistema patriarcal na nossa sociedade, mas mais importante é a conscientização das pessoas para o que é e por que é essencial a luta feminista.
Bom Dia, estou desenvolvendo um seminário sobre o feminismo e o machismo você poderia me dar sua opinião a respeito? Obrigado.
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